ESCOLA DO PÃO

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Restaurant/cafe

Rua General Garzon 10 Lagoa
22470010 Rio de Janeiro
Brazil

Phone: 55-21-2294-0027 // 21-320575-75

Website: www.escoladopao.com.br

Opening times:
Sun 9:00 am - 3:00 pm
Mon 9:00 am - 3:00 pm
Tue 4:00 pm - 12:00 am
Wed 4:00 pm - 12:00 am
Thu 4:00 pm - 12:00 am
Fri 4:00 pm - 12:00 am
Sat 9:00 am - 1:00 pm, 4:00 pm - 12:00 am


Bistro/Pães/Café/Cursos/Produtos para cozinha/Livro

História de Gerações

Elen Casagrande

Tudo começou em uma pequena cidade localizada no norte da Itália, Santa Justina. Família simples, mas de raízes e tradições milenares.

Por grande necessidade, aportaram por aqui, mais precisamente no sul deste imenso país que é o nosso Brasil. Sem terras, sem dinheiro, sem prata e sem ouro, sem falar o português e utilizando um dialeto italiano muito antigo, os Casagrandes passavam entre si o que lhes era mais precioso, o respeito, a educação, o trabalho bem feito, o prazer, o gosto, o aroma, que não sabiam eles, que seria o legado deixado para as gerações vindouras.

Minha mãe, Clécia Casagrande ainda muito pequena acompanhava os rituais familiares. Todos os domingos na colônia, todas as mulheres da família se reuniam para a fabricação do pão.

Momentos inesquecíveis, que mais tarde trariam à minha mãe uma lembrança tão intensa de sua infância, que transformariam seu sonho e sua vida.

Certo dia, Clécia viajava a negócios pela França, quando passou por uma pequena padaria que assava pão em um forno de pedra. “Quando senti aquele cheiro de novo não acreditei. Era o cheiro do pão da minha avó, Maria Dalla Rosa, que começava a fazê-lo no domingo para que ficasse pronto na terça-feira. Um ritual que envolvia todas as mulheres da família. Saudade dos dias que passava na casa da minha avó, época em que a colheita e o armazenamento do trigo eram feitos com cuidado, pois teriam que estar presentes até a próxima safra. Saudades dos preparativos que antecediam o dia e o momento de começar a fazer o pão, do ritual e da expectativa do que viria depois, dos aromas, das formas e também das cores. Da reunião que proporcionava o grande convívio familiar, sempre em volta da grande mesa e do pão. O resgatar um pouco do tempo que passou, talvez tenha sido o que me motivou a entrar na magia da fabricação de um bom pão”.

Depois disso o que era apenas um hobby passou a ser profissão.Clécia abandonou 25 anos de trabalho com moda (era proprietária da confecção Casagrande) para se dedicar à produção de pães de vários tipos e muitos sabores. Formada pela consagrada École Lenôtre, Clécia conseguiu trazer o cheiro da casa da avó para sua Escola do Pão, que funciona desde 2000 no Jardim Botânico.

E como não podia deixar de ser, fui criada assim, desse jeito, sempre trabalhando, desde a adolescência, aprendi a respeitar e valorizar princípios familiares. Dos aromas aos temperos, o modo como as coisas eram feitas.

Me lembro que ainda muito pequena ajudava minha mãe a fazer biscoitos e massas no balcão de pedra da cozinha, era uma verdadeira diversão. Época boa, onde os computadores ainda não tomavam conta de todos os interesses infantis.

Lembro-me de cada viagem que minha mãe fazia, em que na volta ela trazia verdadeiras iguarias, que não existiam aqui no Brasil só para que nós conhecêssemos e aprimorássemos o nosso paladar. Na verdade ela estava nos educando e nos ensinando.

Assim como minha mãe fui designer de moda por 16 anos, até que ela depois de muito estudar e pesquisar me convidou para essa empreitada que é cuidar da Escola do Pão.

Assim a panificação e a gastronomia que já faziam parte intuitivamente da minha história e da minha memória afetiva e gustativa, entrariam na minha vida para ficarem de vez, para manter a excelência nas receitas, no atendimento e na matéria-prima, eu teria de estudar e me dedicar muito, se eu quisesse manter tamanho respeito que minha mãe tinha por suas raízes. Precisei me esforçar muito, já que eu tinha de profissionalizar, algo que em mim era totalmente hereditário e espontâneo.

Meu objetivo é passar para cada cliente o prazer de estar em uma boa mesa, e que se possa desfrutar da praticidade de estar em um restaurante, mas ao mesmo tempo sentir como se estivesse no conforto da sua casa.

A nossa proposta é que a família, ou o casal ou mesmo grupos de amigos, possa se reunir em volta da mesa, assim como nós fazemos até hoje, nos jantares de família que minha mãe faz questão de manter, para reunir filhos, genro, noras e netos.

Tenho certeza que estamos conseguindo nosso objetivo, cada cliente por tradição é atendido por um de nós.

Prezamos pelo resgate do respeito, do carinho, do cuidado com cada pessoa que nos privilegia com sua ida à Escola do Pão. E assim de um em um, vamos conquistando cada pessoa que nos visita.

Nosso trabalho desafia as normas modernas de crescimento, em um mundo globalizado, as cobranças são sempre muitas e a competição inevitável, sabemos diante dessa vida estressada e corrida que precisamos expandir, mas sempre com a consciência de que um trabalho bem feito supera qualquer dificuldade e conquista qualquer mercado.

Hoje vejo a história se repetindo através dos meus filhos, Christian com 14 anos, que tem um paladar apurado e sabe distinguir temperos como ninguém e já sabe se virar muito bem na cozinha. E minha linda Catherine com nove anos, que ama fazer pães, biscoitos, pizzas, decoração de bolos e que já possui sua especialidade, geléia de morangos, quem come não acredita que foi ela quem fez, com seus dedinhos miúdos, ela lava e pica os morangos com cuidado e delicadeza, fazendo questão de me lembrar que precisa das gotas de limão para cortar o doce demasiado, fazendo com que o resultado final fique impecável, e ainda me recorda que geléia é só a dela, que não adianta comprar pronta não.

Os dois têm suas preferências na cozinha e o que posso fazer é ensiná-los o respeito a todas as nossas tradições e segredos milenares. Sempre que posso apresento para eles novos ingredientes, novas formas e novos sabores que com certeza irão prosseguir por muitas gerações.

Texto escrito pela Chef. Elen

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